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Tema I – Que Universidade nós queremos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As universidades brasileiras, desde a contrarreforma de 1968, foram subordinadas pelo modelo da tecnociência, pelo redimensionamento das instituições de ensino superior nas prioridades das políticas públicas, em prol da expansão do setor privado-mercantil, e pelas alterações operadas na organização e avaliação da Pós-Graduação que, repercutiram, fortemente, em sua função social. A fragmentação, o individualismo e a competição pela “excelência” são abertamente incentivados, a despeito de seus prejuízos para a ciência, a tecnologia, a cultura e a arte. Embora tais determinantes sejam objetivos e, obviamente, não passíveis de serem transformados apenas em nosso espaço interno, isso não significa que a universidade pública não possa reagir e enfrentar as suas consequências para o ensino, a pesquisa e a extensão, nos marcos da noção de autonomia, uma conquista inscrita na Constituição Federal de 1988.
Assim como a sociedade é contraditória, a Universidade, como instituição da sociedade, também o é! Isso significa admitir que ela tem sido, ao longo da história, um espaço reservado à classe dominante, seja para garantir a formação de quadros que atendam aos interesses das elites, para a produção de conhecimentos que valorizem a acumulação capitalista ou, ainda, para contribuir ideologicamente para a manutenção do status quo. Todavia, por ser contraditória, a Universidade também pode caminhar na contracorrente do que se apresenta como a cultura hegemônica e consentida. Lembremos que há pouco tempo, nos anos da ditadura empresarial-militar, as universidades públicas brasileiras caracterizaram-se pela resistência organizada à repressão política e social, em especial ao movimento estudantil. Naquele contexto, os primeiros lugares a serem vigiados e terem seus militantes torturados e assassinados foram instituições universitárias, precisamente porque resistiram e lutaram.
Assim posto, fica a questão: que Universidade nós queremos?
A Universidade que queremos deve ser pública, gratuita, laica, de qualidade socialmente referenciada. E para sê-lo, ela não deve se orientar pelo valor do lucro, senão pelo sentido de sua função social: promover, de forma indissociável, a produção de conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural, postulando uma formação humana emancipadora e crítica, além de ampliar e desenvolver de modo socialmente referenciado as atividades de pesquisa e extensão.
A universidade pública é a instância que reúne as melhores condições para promover o diálogo intercultural, explorando distintas perspectivas epistêmicas e epistemológicas que possibilitem ampliar o diálogo com a sociedade organizada.  O conhecimento crítico interpela os problemas da humanidade e reconhece a exigência imperiosa de transformação de seus determinantes, valorizando enfoques socioambientais, interdisciplinares, a integração e cooperação entre as universidades em uma perspectiva internacionalista, produzindo conhecimento crítico à lógica instrumental e aos processos de formação referenciados no capital humano.
A Universidade que almejamos deve formar profissionais independentes, críticos, criativos e cidadãos ativos, transformadores. Deve garantir uma formação que seja contra hegemônica à ideologia dominante, capaz de combater a desigualdade social e as opressões (o racismo, o machismo, a LGBTfobia e outras formas de discriminação) e de incluir a cultura brasileira (expressa, sobretudo, por suas raízes indígena, africana e popular) nos espaços acadêmicos e culturais.
O Ensino, assim, não deve ser reiterativo, e sim uma práxis crítica e criativa, que, portanto, produza conhecimentos.
A Pesquisa deve favorecer a pluralidade, fomentar o enriquecimento do patrimônio cultural, envolver-se com as diversas áreas de estudo, solidarizar a ciência com os que dela necessitam, bem como estar aberta à análise e resolução dos impasses da sociedade em toda a sua complexidade.
A Extensão deve ter um papel relevante, já que se colocarão como objetivos: a identificação e o acompanhamento das múltiplas expressões do social, a troca de experiências e saberes entre a universidade e a sociedade, bem como o fomento à produção de conhecimento advindo desse processo.
Pesquisa, Ensino e Extensão, como definidos acima, devem estar consubstanciados em valores éticos, que conjuguem a um só tempo o princípio do compromisso social, da democracia e da transparência, assim como o princípio da responsabilidade ecológica, contribuindo para o desenvolvimento social, político, econômico, cultural e ambiental do Estado do Pará e do país.
Para isso, o ambiente universitário deve ser plural, crítico e democrático, com sentido público e ético, compromissado com os direitos sociais dos povos, principalmente daqueles mais atingidos pelas injustiças sociais. Enfim, apostamos e investimos numa Universidade cuja qualidade seja socialmente referenciada, na qual o mérito acadêmico-científico e o compromisso com a transformação social sejam dois pilares inseparáveis.
Compreendemos que a da Universidade deve ser essencialmente PÚBLICA, pois é condição para o desenvolvimento do pensamento crítico sistematizado, em articulação com a educação básica pública e com as demandas sociais dos povos. Suas funções sociais expressam as contradições entre o ser e o dever ser institucional. Coexistem atualmente diferentes funções sociais na universidade, situação que exige debate e reflexão coletiva nos espaços acadêmicos, objetivando o seu caráter crítico-emancipatório e antecipatório dos grandes problemas da humanidade para cumprir sua missão enquanto um dos instrumentos alavancadores do desenvolvimento social, econômico e político da região Norte, da Amazônia e da Pan Amazônia.
PROPOSTA
  • Incentivar Unidades, Campi, Núcleos e Subunidades a constituírem “Fóruns Temáticos de Discussão”, visando a articular grupos de pesquisa, grupos de extensão, estudantes da Graduação e da Pós-Graduação, técnico-administrativos em torno de temas como trabalho, inovações tecnológicas, tecnologia da informação, mudanças climáticas, recursos hídricos, energia, educação pública, saúde pública, infância, moradia, violência, direitos humanos, gênero, etnia, racismo, drogas, homofobismo, políticas culturais, políticas públicas, vida no campo e na cidade entre outros, que objetivam a integração acadêmica desses coletivos e a ampliação do diálogo com a sociedade.
Universidade Federal do Pará (UFPA)

Rua Augusto Corrêa, 01
Cidade Universitária Professor José da Silveira Neto 

Guamá - Belém - Pará - CEP 66075-110 

 
verasandraousadia@gmail.com
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